domingo, novembro 11, 2001

the veenie is on the building: Na maior parte das vezes eu me sinto perdido. Me sinto tão perdido que tenho que tatear as paredes com as mãos para sentir que estou fazendo parte de alguma coisa. Nas paredes eu sinto pregos, buracos e algumas vezes não sinto nada. Fico cambaleando, pra lá e pra cá, sem saber o que fazer, sem saber o que procurar, com olheiras fundas e com cascas de pele seca nos cantos dos olhos. Antes eu desistia de tudo, sentava no chão e começava a chorar. Aí depois eu cansava de verter água, começava a falar palavras de ordens para mim mesmo, me chamava de covarde e de traste velho que não presta pra nada. Isso nunca adiantou, eu continuava chorando, chorando, até que meu corpo esquálido deu o basta: minhas glândulas lacrimais secaram, necrosaram, sei lá. Não sou médico, não sei fazer diagnósticos. Só sei andar pra lá e pra cá sem rumo, só resmungando e reclamando. Mas ultimamente uma coisa que tem dado certo pra mim é pensar em algumas coisas engraçadas. Pode deixar que eu dou um exemplo. Pra mim, o mais engraçado de se estar perdido na maior parte das vezes, é que quando eu tateio as paredes com as mãos, às vezes eu encontro outros dedos, outras mãos, alguns tão ávidos por um toque quanto eu e outros tão perdidos em seus próprios labirintos que nem se dão conta da diferença entre paredes e outras mãos. Eu não procuro deixar o momento passar, eu agarro esses dedos, essas mãos com toda a força que eu tenho e se eu sinto a mesma reação como resposta, eu experimento uma súbita e estúpida vontade de sorrir, que até algum tempo atrás era apenas uma vaga resposta muscular para alguns estímulos desconhecidos. Até o tempo parece que muda. Não tenho nem calor, nem frio. Pra mim é tipo aquela brisa marinha que refresca prazeirosamente os dias quentes. É curioso, isso. A impressão é que eu sinto que alguém me achou em algum lugar por aí, sei lá...

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