domingo, janeiro 25, 2004

Acabei de ler meus e-mails e veio esse, da Ju, com essa história. Eu precisava colocar aqui:

O menino, ceguinho de nascença, ia fazer 10 anos.
Faltavam poucos dias e, uma tarde, o pai do menino ceguinho chega pra ele e diz:
- Meu filho, mandei vir dos Estados Unidos um colírio que vai curar a sua cegueira. É um remédio maravilhoso, milagroso. Só uma gotinha em cada olho e você vai poder enxergar! O menino ficou todo feliz e disse:
- Que bom, pai. Agora eu vou poder saber como é você, como é a mamãe, meus amigos, o azul, o feio, as
meninas, as flores, tudo! Que dia o remédio chega?
- Eu te aviso, disse o pai.
E todo dia o pai chegava do trabalho e o menino corria pra ele, aflito, batendo nos moveis, gritando:
- Chegou, papai? Chegou?
No dia 28 de março, o pai chegou em casa, aproximou-se do filho ceguinho e balançou um vidrinho no ouvido dele e perguntou:
- Sabe o que é isto, filhinho?
- Sei, sei! - gritou o menino. É o colirio! É o colirio!
- Exatamente, meu filho. É o colirio.
- Que bom! - disse o menino.
- Agora eu vou pode ver as coisas, saber se eu pareço com você, saber a cor dos olhos da mamãe, usar meus lápis de cores, ver os pássaros, o céu, as borboletas. Vamos, papai, pinga logo este colirio nos meus olhos!
- Não. Hoje, não - disse o pai - Mandei chamar seus avós, todos os nossos parentes; eles chegam no dia de seu aniversário, quero pingar o colirio com todo mundo aqui em sua volta...
E o menino disse meio conformado:
- É. O senhor tem razão. Quem já esperou 10 anos, espera mais uns dias. Vai ser bom. Ai eu vou poder ficar conhecendo todos os meus parentes de uma vez!
E foi dormir, mas não conseguiu. Passou a noite toda sofrendo, rolando na cama, pra lá, pra cá. Quando foi no dia seguinte, dia 29 de março, cedinho, ele acordou o pai.
- Papai, pinga num olho só. Num olho só. Eu fico com ele fechado até a vovó chegar, juro!
O pai disse:
- Não. Aprenda a esperar!
- Mas, papai, eu quero ver a vida, papai. Eu quero ver as coisas.
- Tudo tem a sua hora, meu filho. No dia do seu aniversário você verá.
O menino ceguinho passou sem dormir o dia 29, o dia 30 e o dia 31. Quando foi ali pelas dez horas da noite ele chegou pro pai e disse:
- Papai, só faltam duas horas para o meu aniversário. Pinga agora, papai!!!
O pai pediu que ele esperasse a hora certa.
Assim que o relógio terminasse de bater as doze badaladas, ele pingaria o colírio nos olhos do menino. E o menino esperou.
À meia-noite, toda a família do garoto se reuniu no centro da sala e aguardou o final das doze badaladas. O menino ouviu uma por uma, sofrendo. Bateram as dez, as onze e as doze!
- Agora, papai. Agora! O colírio.
O pai pegou o vidrinho, pingou uma gota num olho. Outra no outro.
- Posso abrir os olhos papai?
- Ainda Não! - disse o pai - Tem que esperar um minuto certo, senão estraga tudo. Vamos lá:
60... 59... 58... 57...
E foi contando:
- 34... 33... 32...
E o menino de cabecinha erguida esperando
- 26... 25... 24...
E toda a família em volta esperando!
- 10... 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2...1...e
JÁ!
O menino abriu os olhos e exclamou:
- Ué. Eu não estou enxergando nada!!
E a família toda grita:
- PRIMEIRO DE A B R I L L L L L !!!

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